quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Dicas para aulas de mamãe e bebê



A mulher no pós-parto tem muitas alterações químicas, muitas transformações. O bebê agora está fora do ventre e demanda uma atenção e comunicação diferenciadas.
No chamado pueripério, o útero da mulher começa a retornar ao tamanho da pré-gestação, o bebê demanda da mãe para atender as suas necessidades fisiológicas e muitas vezes a mãe esquece do autocuidado.

Todos esses processos podem ser estressantes para a mãe, até mesmo a amamentação, mas ela também está vivendo a bênção da maternidade... São sensações conflitantes, muito comuns no pós-parto.

Preparei então, algumas sugestões que podem ser úteis na elaboração das práticas de mamãe e bebê.

Para que a mãe se reconecte, acessando seu bem-estar, é importante ter momentos de introspecção, consciência da respiração, movimentos de liberação das tensões dos ombros e costas, alinhamento da coluna e ativação do baixo ventre e períneo, para retornar ao seu estado natural de sustentação, reorganizando novamente os órgãos no ventre.

É bem positivo para mãe e bebê começarem as práticas em grupo após os 2 meses, ou até um pouco antes. O professor deve estar atento à faixa etária dos bebês no mesmo grupo e também na quantidade de participantes, para gerar o estímulo adequado aos bebês e o acolhimento mais eficaz para as mães. Com 2 a 4 ou 5 duplas, as dinâmicas e trocas são bem estimulantes, mas se tiver uma única dupla, também é especial.

Em aulas no Chidananda Yoga em São Paulo, cheguei a dar aulas para até 6 duplas, mas as mães tinham feito aula durante toda a gestação e já havia uma conexão especial com as mães e com os bebês... a meu ver, isso é um facilitador especial!



Sugiro grupos de 2 a 5 meses, mais ou menos e grupos de 6 a nove meses...


As mães, nesse primeiro ciclo de pós-parto, têm uma demanda maior, para sua reintegração.

É importante saber se o parto foi cesário, pois vai requerer mais cuidados na reconexão do ventre e baixo-ventre nas primeiras aulas. É fundamental estimular a respiração Ujjyai, o acesso ao eixo e os bandhas para essa reconexão.

Essas práticas também estimulam a sensação de sustentação, do físico ao sutil.
No parto vaginal, esses cuidados também se fazem importantes, mas não há a fragilidade da cirurgia.

- É fundamental o bom senso do professor nessas práticas.
- Fazer “mais” não é uma boa dica para o começo desse resgate, o acesso à interiorização através dos olhos fechados e a consciência da respiração é uma grande conquista!
- Sentir o abdômen em posturas com o ventre apoiado em uma almofada ou nas suas coxas,pode ser uma redescoberta de seu espaço, de ter o seu abdômen de volta. É comum as mães sentirem a saudade da barriga, assim, estimular essa reconexão com o seu corpo, seu ventre, é especial.



- Também posturas com os bebês que acesse a energia do abdômen, aos poucos, são estimulantes para a dupla.

- Trabalhar mulabandha e uddyana bandha com a consciência no eixo.
- Orientar práticas em que a mãe possa sentir as costas no solo para a acomodação e realinhamento da coluna, soltura dos ombros e escápulas e também posturas de acesso ao alinhamento dos pés aos quadris.
- Em posturas de pé, sentada ou deitada com levantamento pélvico, estimular esse reencaixe dos quadris, sempre acessando os bandhas. Isso é bastante importante, pois independente do tipo de parto, os quadris registram a informação de expansão, abertura e muitas vezes a mulher não se dá conta.



- Dar esse comando de reencaixe, realinhamento dos quadris com os bandhas é importante para evitar até mesmo processos de incontinência urinária.
- Estabeleça sequencias de técnicas respiratórias e posturas curtas, para que a mãe possa se perceber antes de voltar sua atenção ao bebê. A qualidade dessa integração é bem especial, quando a mãe se percebeu e já eliminou alguns excessos.
- Busque gerar inicialmente posturas simples que trabalhem os movimentos da coluna ( ver texto no blog)
- Trabalhe posturas que liberem os ombros, lembre-se de que a mãe leva o bebê no colo para várias funções e muitas vezes só se dá conta desse novo sobrepeso através das dores nas costas.
- Trabalhe técnicas respiratórias de acesso ao ventre, ativando a energia do CORE. Kappalabhati e BhastriKa são bem-vindas para limpar a mente e liberar emoções.
- técnicas respiratórias tranquilizadoras são sempre bem-vindas, especialmente antes do relaxamento.
- Relaxamento conduzido com a visualização de partes do corpo para a liberação pode ser bem eficaz.

Para os bebês, coloca-los próximos uns dos outros, facilita a dinâmica de estímulos externos, além dos sons. A percepção do outro, especialmente após os 2 meses, 3, é bastante especial.
É importante observar os bebê, após o 4º mês, que muitas vezes querem tocar o outro bebê, mas não têm noção de força e local. O olho do “amiguinho” é bem chamativo.

Já falamos em outros textos do blog sobre estímulos sonoros, toque nos pés e também estímulo visual, hoje pontuo essa interação que é bastante estimulante para os pequenos.

Na sua condução das aulas mamãe e bebê lembre-se de estimular a tranquilidade e bem-estar da mãe para que ela transmita essa sensação ao bebê, que é bastante perceptivo da energia da mãe.
Lembre-se também de estimular a mãe a se perceber e continuar em casa, especialmente práticas respiratórias com os olhos fechados.

Gosto de citar o exemplo do avião: “primeiro coloque a máscara em você para depois colocar na criança ou pessoa de sua dependência”.

O autocuidado da mãe é fundamental para que possa dar a atenção adequada e curtir o seu bebê, liberando os excessos que fazem parte do pós-parto.
Essa aula tem uma vibração de muito amor e entrega...

Cristiani W. Bez Matsuoka
(48) 99167-6361
@cristianiw.bez
Professora de Yoga para gestantes em Florianópolis – SC
Yogashala Brasil – Centro – https://www.yogashala.com.br/
Yogaluz – Santa Mônica - http://www.yogaluz.com.br/



segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Adaptações nas aulas para gestantes: um olhar especial



O olhar especial do instrutor é muito importante nas aulas de yoga para gestantes. Gerar adaptações seguras de acordo com o período gestacional é fundamental.

Ainda que a gestante seja praticante de yoga, deve-se considerar o espaço ventral e as alterações de hormônio.
Assim, perceber a energia da postura e buscar um apoio para que a gestante sinta com segurança o que o professor quer transmitir através da postura psicofísica escolhida, deve ser o propósito, para que sinta os benefícios da prática.

Lembre-se, por exemplo, de que posturas que trazem aterramento, trazem também sensação de sustentação, de firmeza, que pode ser percebida em pontos do corpo da gestante e também como sensação na mente e emoções. Trabalhar a consciência do períneo para essa percepção é fundamental.

Conquistar, mesmo que com apoio, uma postura aérea em um dia mais agitado pode ser uma percepção bastante especial para a gestante!

Adaptar as posturas, não significa “fazer menos” e sim, sentir melhor os benefícios, com mais segurança.

É sempre importante o professor de Yoga para gestantes se lembre de que está orientando e também cuidando de dois seres em constante transformação... às vezes a mãe demora um pouco para “aceitar” ou "perceber de forma consciente as oscilações naturais, as acomodações e acolhimentos que a gestação sugere, mas o professor deve ter esse olhar atento.

Para as práticas de yoga para gestantes, lembre-se sempre de trazer o foco ao eixo interno e técnicas respiratórias e de visualização que sugiram o retorno a esse eixo. (busque no blog esses textos sobre eixo interno e técnicas respiratórias)

Proponha-se a oferecer posturas que trabalhem a consciência sobre os movimentos da coluna que constitui um eixo bastante importante a ser observado (Texto sobre os movimentos da coluna)

Faça as adaptações necessárias para as gestantes. Talvez você precise dar sequências sentadas naquele dia, mas se a disposição das praticantes for boa, sugira posturas de equilíbrio e aterramento também de pé para ativar a sustentação, como variantes adaptadas de Virabhadrasana, Vrkshasana, Utthita e Parivrta Trikonasana.
Vão ajudar em várias ativações e alongamentos.

 Nesta imagem as gestantes passaram do Virabhadrasana I para uma torção com expansão do centro do peito. Bastante consciência na percepção expansão e aterramento. A ativação do períneo também é importante, seja associada à respiração ou como sensação de sustentação.

 Este é um exemplo de adaptação de Trikonasana. Com o apoio da cadeira, podem sentir os benefícios da postura fazendo a variante de alinhamento ou torção. A percepção do aterramento e sustentação são melhor ativados quando sentem o apoio.


 Nesta variante de Trikonasana com apoio na parede, as gestantes podem fazer várias percepções, desde expansão do centro do peito e liberação dos ombros, até o aterramento no períneo e planta dos pés. Pode ser feita em movimento com a variante de torção. (Você encontra o vídeo no blog)


Nesta imagem, uma variação de Parivrtta Trikonasana em movimento, para soltar a parte superior do corpo, sem perder de vista o aterramento.



Lembre-se também das posturas clássicas como Catuspadasana e as variantes de ativação das pernas e pés que pode adaptar.




Para a prática do Suryanamaskara, lembre-se de que não é adequada no primeiro trimestre e após o 6º mês, mesmo que a gestante seja praticante, por conta das alterações hormonais. Entre o 6º mês e o início do último trimestre é mais uma questão de adaptação ao sobre peso e no último trimestre, especialmente após a 30ª semana, temos novamente as oscilações hormonais que podem interferir na pressão arterial para o alto e para baixo.

- Lembre-se de que cada mulher tem uma história única e a gestação é sempre uma dupla!

- Lembre-se de que você sugere a prática segura, pois está cuidando e não praticando.

- Lembre-se de evitar o hiperaquecimento ventral a partir de técnicas respiratórias e sugestão de posturas.


Assim, sugira adaptação para o Caturanga dandasana, com a colocação dos joelhos no solo. Sugira também, adaptações com a cabeça ( que não deve descer) e flexão de joelhos nas posições semi-invertidas, pois não são recomendadas especialmente por conta das alterações hormonais.

Pessoalmente eu prefiro indicar a adaptação do suryanamaskara de parede (não há contra-indicações), ou o clássico com mais respirações conscientes em cada passagem e com adaptações em Ashwa sanchalasanana (afastamento da perna da frente e joelho oposto no solo), evitar passagem pela posição ashtangasana, bhujangasana (com joelhos no solo) e parvatasana (com joelhos no solo ou com a cabeça erguida e olhar fixo a frente), mas o professor precisa avaliar uma série de fatores, na condução da prática, dentre eles, a expectativa e histórico da gestante.

Conduza a percepções de interiorização, pois muitas alterações estão acontecendo dentro da mulher e no desenvolvimento do seu bebê... A mulher se transformar em mãe, já é um grande desafio...
Quanto mais acessar seu estado natural de tranquilidade, segurança e bem-estar, melhor acomoda todas as sensações...

O relaxamento conduzido é fundamental! Sugira percepções pelo corpo e propósitos de tranquilidade e segurança...
Lembre-se de que o bebê se desenvolve no Manipura chakra e faz parte da “jóia” que a mãe está cultivando como propósito!

Lembre-se de sua responsabilidade em cuidar, em perceber com um olhar especial os aspectos sutis da gestação...

Cristiani W. Bez Matsuoka
(48) 99167-6361
@cristianiw.bez
Professora de Yoga para gestantes em Florianópolis – SC
Yogashala Brasil – Centro – https://www.yogashala.com.br/
Yogaluz – Santa Mônica - http://www.yogaluz.com.br/




sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Yoga casais grávidos – posturas de apoio



Já falamos da importância desta parceria na gestação e do valor do pai saber como apoiar em várias situações que incluem a reta final, parto e pós-parto.

Hoje vamos mostrar variantes de posturas que ajudam na prática do casal, na dinâmica de apoio, desde o início da gestação.
Do físico ao sutil, as posturas têm de ser construídas com equilíbrio entre a dupla, fazendo com que ambos exercitem o potencial psicofísico dessas posturas.



Essa preparatória é especial, com a conexão do olhar.

A pressão das mãos é fundamental para o posicionamento dos ombros e para conduzir a energia das escápulas às mãos, distensionando a região superior do corpo. 

Lembre-se de que o casal deve construir junto essa consciência, dosando a força com que pressiona as mãos.
O posicionamento das pernas também é importante para o equilíbrio e ativação adequada dos quadris aos pés, gerando aterramento, ancoragem.

A partir desta posição base, pode-se fazer variantes do Guerreiro - Virabhadrasana  e também do Triângulo - Trikonasana


Essa é a construção do Utthita trikonasana com uma expansão lateral e de espaços internos, que pode ser mais estimulada com as respirações aprofundadas e ativação dos braços e mãos. Sempre com a consciência no equilíbrio do casal.
 A torção (parivrtta) também pode ser feita, elevando os braços que estão para baixo e descendo, os que estão para o alto. O fundamental para acessar o benefício da posição, é o equilíbrio, especialmente no movimento conjunto.

Na condução de INSPIRAR E EXPANDIR E EXALAR E ATERRAR gosto de sugerir essa expansão de espaços internos para o novo e liberação de desconfortos, que vão do físico ao sutil.

Pode-se liberar a tensão dos ombros e feições do rosto, mas também pode-se pensar em liberar o medo ou agitações mentais desse momento da gestação do casal...


 Essa é uma variante que pode também ser feita na parede, para alongar todo o tronco, braços e pernas. Lembre-se da consciência na ativação da coluna! 
Até o alongamento do ciático pode ser feito com essa variante.

Na gestante, a soltura dos excessos de peso também podem ser trabalhados com respirações ventrais.

O casal pode fazer um profundo alongamento, ativando ora mais uma lateral, ora mais a outra, em comum acordo para o equilíbrio da dupla.

A condução das posturas acessando a parceria na construção do equilíbrio e nos pontos de apoio do corpo são especiais para que essas sensações de equilíbrio, apoio e bem-estar sejam sentidas pelos dois.

O trabalho da conscientização e ativação do períneo também pode ser feita com a respiração, nessas posturas:
Inspirar e expandir, exalar até ativar o períneo e sentir a planta dos pés.

Além das dinâmicas de massageamentos que já explicamos em posts anteriores, a construção das posturas em dupla é um ótimo exercício, que pode ser um estímulo diário à cumplicidade e ao bem-estar do casal, nesse momento tão especial!

Muitas vezes os meninos não percebem o acúmulo de tensões que carregam, especialmente relacionados às emoções da vinda do bebê e alguns excessos de trabalho, por exemplo. Essas dinâmicas são muito eficazes para a conscientização e liberação dessas tensões.

Yoga casais grávidos: pratique consciência com integração!
Namastê!

Cristiani W. Bez Matsuoka
(48) 99167-6361
@cristianiw.bez
Professora de Yoga para gestantes em Florianópolis – SC
Yogashala Brasil – Centro – https://www.yogashala.com.br/
Yogaluz – Santa Mônica - http://www.yogaluz.com.br/