segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Adaptações nas aulas para gestantes: um olhar especial



O olhar especial do instrutor é muito importante nas aulas de yoga para gestantes. Gerar adaptações seguras de acordo com o período gestacional é fundamental.

Ainda que a gestante seja praticante de yoga, deve-se considerar o espaço ventral e as alterações de hormônio.
Assim, perceber a energia da postura e buscar um apoio para que a gestante sinta com segurança o que o professor quer transmitir através da postura psicofísica escolhida, deve ser o propósito, para que sinta os benefícios da prática.

Lembre-se, por exemplo, de que posturas que trazem aterramento, trazem também sensação de sustentação, de firmeza, que pode ser percebida em pontos do corpo da gestante e também como sensação na mente e emoções. Trabalhar a consciência do períneo para essa percepção é fundamental.

Conquistar, mesmo que com apoio, uma postura aérea em um dia mais agitado pode ser uma percepção bastante especial para a gestante!

Adaptar as posturas, não significa “fazer menos” e sim, sentir melhor os benefícios, com mais segurança.

É sempre importante o professor de Yoga para gestantes se lembre de que está orientando e também cuidando de dois seres em constante transformação... às vezes a mãe demora um pouco para “aceitar” ou "perceber de forma consciente as oscilações naturais, as acomodações e acolhimentos que a gestação sugere, mas o professor deve ter esse olhar atento.

Para as práticas de yoga para gestantes, lembre-se sempre de trazer o foco ao eixo interno e técnicas respiratórias e de visualização que sugiram o retorno a esse eixo. (busque no blog esses textos sobre eixo interno e técnicas respiratórias)

Proponha-se a oferecer posturas que trabalhem a consciência sobre os movimentos da coluna que constitui um eixo bastante importante a ser observado (Texto sobre os movimentos da coluna)

Faça as adaptações necessárias para as gestantes. Talvez você precise dar sequências sentadas naquele dia, mas se a disposição das praticantes for boa, sugira posturas de equilíbrio e aterramento também de pé para ativar a sustentação, como variantes adaptadas de Virabhadrasana, Vrkshasana, Utthita e Parivrta Trikonasana.
Vão ajudar em várias ativações e alongamentos.

 Nesta imagem as gestantes passaram do Virabhadrasana I para uma torção com expansão do centro do peito. Bastante consciência na percepção expansão e aterramento. A ativação do períneo também é importante, seja associada à respiração ou como sensação de sustentação.

 Este é um exemplo de adaptação de Trikonasana. Com o apoio da cadeira, podem sentir os benefícios da postura fazendo a variante de alinhamento ou torção. A percepção do aterramento e sustentação são melhor ativados quando sentem o apoio.


 Nesta variante de Trikonasana com apoio na parede, as gestantes podem fazer várias percepções, desde expansão do centro do peito e liberação dos ombros, até o aterramento no períneo e planta dos pés. Pode ser feita em movimento com a variante de torção. (Você encontra o vídeo no blog)


Nesta imagem, uma variação de Parivrtta Trikonasana em movimento, para soltar a parte superior do corpo, sem perder de vista o aterramento.



Lembre-se também das posturas clássicas como Catuspadasana e as variantes de ativação das pernas e pés que pode adaptar.




Para a prática do Suryanamaskara, lembre-se de que não é adequada no primeiro trimestre e após o 6º mês, mesmo que a gestante seja praticante, por conta das alterações hormonais. Entre o 6º mês e o início do último trimestre é mais uma questão de adaptação ao sobre peso e no último trimestre, especialmente após a 30ª semana, temos novamente as oscilações hormonais que podem interferir na pressão arterial para o alto e para baixo.

- Lembre-se de que cada mulher tem uma história única e a gestação é sempre uma dupla!

- Lembre-se de que você sugere a prática segura, pois está cuidando e não praticando.

- Lembre-se de evitar o hiperaquecimento ventral a partir de técnicas respiratórias e sugestão de posturas.


Assim, sugira adaptação para o Caturanga dandasana, com a colocação dos joelhos no solo. Sugira também, adaptações com a cabeça ( que não deve descer) e flexão de joelhos nas posições semi-invertidas, pois não são recomendadas especialmente por conta das alterações hormonais.

Pessoalmente eu prefiro indicar a adaptação do suryanamaskara de parede (não há contra-indicações), ou o clássico com mais respirações conscientes em cada passagem e com adaptações em Ashwa sanchalasanana (afastamento da perna da frente e joelho oposto no solo), evitar passagem pela posição ashtangasana, bhujangasana (com joelhos no solo) e parvatasana (com joelhos no solo ou com a cabeça erguida e olhar fixo a frente), mas o professor precisa avaliar uma série de fatores, na condução da prática, dentre eles, a expectativa e histórico da gestante.

Conduza a percepções de interiorização, pois muitas alterações estão acontecendo dentro da mulher e no desenvolvimento do seu bebê... A mulher se transformar em mãe, já é um grande desafio...
Quanto mais acessar seu estado natural de tranquilidade, segurança e bem-estar, melhor acomoda todas as sensações...

O relaxamento conduzido é fundamental! Sugira percepções pelo corpo e propósitos de tranquilidade e segurança...
Lembre-se de que o bebê se desenvolve no Manipura chakra e faz parte da “jóia” que a mãe está cultivando como propósito!

Lembre-se de sua responsabilidade em cuidar, em perceber com um olhar especial os aspectos sutis da gestação...

Cristiani W. Bez Matsuoka
(48) 99167-6361
@cristianiw.bez
Professora de Yoga para gestantes em Florianópolis – SC
Yogashala Brasil – Centro – https://www.yogashala.com.br/
Yogaluz – Santa Mônica - http://www.yogaluz.com.br/




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